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Fato On Line dá calote em mais de cem funcionários

Depois de não receberem os salários relativos a dezembro, janeiro, fevereiro e 13º, a equipe de redação do site Fato Online resolveu paralisar as atividades na noite de segunda-feira, 29. De acordo com informações apuradas pela reportagem do Portal Comunique-se, a decisão de entrar em estado de greve aconteceu após todos os jornalistas do veículo concluírem que o calote por parte do empresário amapaense Silvio Assis, idealizador do projeto, é irreversível. Anunciando ter dado “um passo maior que as pernas” e admitindo problemas financeiros, com risco de despejo da sede em Brasília, o dono deve encerrar as atividades do portal.

Editor-chefe do Fato Online no lançamento do projeto, em março de 2015, e que ultimamente atuava como colunista, o jornalista Rudolfo Lago usou a página que mantém no Facebook para comentar a situação enfrentada pelos mais de 100 profissionais que fizeram parte do veículo até o início desta semana. “Talvez precisasse mesmo ser num dia bissexto para bem marcar o fim de um sonho, o fim de uma ilusão”, lamentou em post divulgado na noite da segunda. “É o fim de um drama que estamos vivendo desde o final de novembro”, prosseguiu, antes de ressaltar que o domínio segue no ar, mas apenas reproduzindo conteúdo adquirido da Agência Estado e de outros sites.

“Antes de entrarmos em greve, recebemos duas contrapropostas que vão aos píncaros do absurdo. Na primeira, nos sugeriram virarmos ‘sócios cotistas’ do Fato Online: pela proposta, aceitaríamos deixar para lá o passivo que temos e passaríamos a receber como ‘pro labore’ dois terços dos salários previstos nos nossos contratos a partir daí e possível participação nos lucros. Mesmo assim, não seria uma proposta para todos, porque o empresário, Sílvio Assis, admitia que tinha errado na gestão da empresa”, relatou Rudolfo, que também repercutiu a outra proposta sugerida: “não viraríamos sócios, e o passivo seria pago em ‘dez vezes’, a partir do dia 20 de março”.

Apesar de destacar que inicialmente a equipe entrou em estado de greve, evidenciando que havia esperanças de a situação ser resolvida junto ao dono do site, o ex-editor-chefe afirmou que logo após a paralisação das atividades, a companhia deu a entender encarar a situação como desfecho de vínculo profissional, com e-mails sendo bloqueados e sem permissão de acesso ao publicador do Fato Online. “Ou seja: a empresa já tomou as providências técnicas para negar o nosso acesso, estabelecendo, apenas algumas horas depois da assembleia, uma postura beligerante, o que nos deixa com a sensação de que, provavelmente, só resolveremos nossas pendências na Justiça”, prosseguiu o jornalista.

Curta história
No ar desde 4 de março do ano passado, com direito a evento de lançamento que contou com presenças de autoridades, o Fato Online chegou ao mercado do jornalismo online brasileiro com a promessa de cobrir os principais fatos da política nacional, com equipe baseada na capital federal. Desde o início, profissionais renomados da imprensa fizeram parte do projeto. Nomes como Cecília Maia (diretora de jornalismo), Andrei Meireles (repórter e colunista), Helena Chagas (colunista), Sheila D’Amorim (atual editora-chefe), Lúcio Vaz (editor de política) e Orlando Brito (editor de fotografia e colunista) constam no expediente do site.

O site Fato Online segue com domínio ativo na web, mas – desde a denúncia da reportagem do Portal Comunique-se – segue sendo atualizado com conteúdo de agências públicas de notícias e materiais pagos fornecidos por Agência Estado e Agência O Globo, por exemplo. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal falou pela última vez do caso em junho. Na ocasião, a entidade afirmou que os ex-funcionários do site seguiam ser receber por seus trabalhos, destacou o jornalismo da Rádio Líder FM 104,9 de Ponta Porã (MS).

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