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Secretário de Comunicação de Mato Grosso é afastado

Secretário de Comunicação Kléber Lima (Foto: Reprodução)

 

Juíza Célia Regina Vidotti

A juíza Célia Regina Vidotti, da Vara de Ação Civil Pública de Cuiabá, determinou nessa quarta-feira (27) o afastamento de Kléber Lima do cargo de secretário de Comunicação de Mato Grosso. O governo afirmou que ainda não foi notificado da decisão.

Ele foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) no mês passado por suspeita de assédio moral e sexual contra jornalistas que trabalham como assessores de imprensa no órgão e por improbidade administrativa pelo uso da máquina em favor do governador Pedro Taques (PSDB). O MPE também havia pedido o afastamento de Kléber da função.

O advogado Paulo Fabrini Medeiros, que defende Kléber Lima, afirmou ao G1 que o cliente já foi notificado da decisão. “Vamos recorrer da decisão. Cobrar um funcionário para que execute bem as suas funções não pode ser crime”, argumentou. A defesa disse, no entanto, que ainda não teve acesso à decisão judicial.

O advogado de Kléber disse que ele e o cliente ainda não têm conhecimento exato da denúncia dos servidores. “Chegamos a ser intimados a comparecer no Ministério Público, mas o promotor Mauro Zaque, que conduz a investigação não pode nos ouvir porque estava viajando, então nem temos conhecimento da denúncia, só sabemos o que saiu na imprensa”, declarou.

A denúncia

Em denúncia ao MPE, os servidores alegaram que o secretário ameaçou grampear os telefones deles, após suposto vazamento de informações sobre ele.

Segundo os servidores, as represálias começaram depois que eles questionaram o uso da máquina pública pela secretaria de Comunicação para beneficiar integrantes do primeiro escalão do atual governo, que pretendem disputar a eleição em 2018.

Os servidores também teriam sido proibidos de participarem de prostestos da categoria e recebido ameaças de terem telefones grampeados, sob acusação de que teriam vazado informações da secretaria.

Uma testemunha afirmou que Kléber Lima ameaçou grampear o telefone dela, antes do escândalo das interceptações clandestinas no âmbito da Polícia Militar de Mato Grosso vir à tona. O caso foi divulgado pelo Fantástico em maio deste ano e ameaça teria sido feita no início deste ano.

“O secretário passou com o Rogers Jarbas (secretário de Segurança de MT). Desceu a escada. Eu voltei para minha mesa. E, depois de um tempo, Ele voltou muito irado, muito, muito revoltado, e disse assim: ‘quem quiser saber da minha vida, onde eu vou, pergunta para mim. Eu tava na polícia federal com o Rogers, eu não tenho nada para esconder”, contou a testemunha.

Essa testemunha disse que Kléber fez a seguinte ameaça: “Será que agora eu vou ter que grampear todo mundo aqui? Será que eu vou ter que fazer isso?”.

Em uma conversa gravada por uma servidora, o próprio Kléber insinua que pode pedir que a Polícia Militar monitore telefones.

MP pede afastamento de secretário suspeito de assédio e improbidade

Um servidor que denunciou os assédios disse ter medo de represálias. “Tenho essa preocupação porque o caso dos grampos envolve coronéis da Polícia Militar. E a gente sabe que, se o Kleber Lima tem acesso a esse recurso de grampear pessoas, também tem acesso aos coronéis e é possível outros atos ilícitos dentro desse grupo. Então essa é uma preocupação que eu tenho”, declarou.

Outro servidor diz que já comunicou a família e aos órgãos competentes sobre o que está acontecendo, ao temer pela vida. “Deixei minha família ciente do que está acontecendo. Entrei em contato com outras pessoas, inclusive com a Defensoria Pública, para que mais pessoas saibam do fato”, afirmou.

Segundo o conteúdo da denúncia, minutos após ser informado sobre o inquérito contra ele, Kléber Lima publicou em um grupo em uma rede social, composto por 120 jornalistas do Gcom, uma imagem do pedido de investigação encaminhado peloTribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) à Polícia Civil.

Fonte: G1

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