A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) realiza nos dias 8 e 9 de março dois webinars focados em discutir o cenário de ataques de gênero contra profissionais da imprensa no Brasil. O evento, que celebra o Dia Internacional da Mulher, é gratuito e marca o lançamento do relatório “Violência de gênero contra jornalistas”, resultado do monitoramento feito pela Abraji em 2021 com patrocínio da UNESCO. Ambas as transmissões terão início às 17h, pelo horário de Brasília.
No primeiro dia de evento (8.mar.2022), a Abraji recebe as pesquisadoras Julie Posetti, vice-presidente adjunta do International Center for Journalists (ICFJ), também autora da pesquisa Protecting Journalism Sources in the Digital Age e do relatório The Chilling: Global Trends in online violence against women journalist, lançado pela UNESCO, e Verônica Toste, consultora de gênero do projeto e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF). As convidadas irão debater o cenário das violências de gênero contra jornalistas e contra profissionais mulheres no país e no mundo, além de apresentar a metodologia e os principais achados da pesquisa. Para discutir a dimensão individual desse quadro, o evento também contará com a presença de jornalistas vítimas de ataques em razão do exercício da profissão, que vão apresentar sua experiência e visão pessoal sobre o tema. Haverá tradução simultânea.
O segundo dia de debates será dedicado a discutir possíveis soluções para o problema das agressões, trazendo diferentes perspectivas do enfrentamento à violência de gênero contra jornalistas, como as dos poderes Legislativo e Judiciário, além das plataformas de redes sociais, que estão envolvidas na problemática. Confirmadas no evento, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia discutirá como a questão pode ser entendida dentro do ordenamento jurídico brasileiro e que medidas jurídicas podem ser tomadas para enfrentá-la; e a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) falará sobre posicionamentos que podem ser assumidos dentro do Congresso Nacional.
O público poderá participar da discussão com perguntas e comentários. A lista completa de convidadas confirmadas será divulgada nos próximos dias, assim como as informações para inscrição.
Sobre o monitoramento
Ao longo de 2021, foi registrado um total de 119 ataques contra jornalistas mulheres ou ataques de gênero. Esse número, que representa uma média de 1 ataque a cada 3 dias, também chama atenção porque tem como principais agressores internautas (51,7%) e autoridades públicas (36,1%). As vítimas foram, majoritariamente, mulheres (91.6%). Entre os agressores individuais, 91,3% são homens. Os números gerais do monitoramento podem ser encontrados no site do projeto.
O projeto Violência de gênero contra jornalistas é a extensão de um trabalho focado em violações da liberdade de imprensa, realizado pela Abraji em parceria com a rede Voces del Sur desde 2019. Mais que apresentar os dados, o relatório reflete sobre as causas desse cenário hostil para as mulheres jornalistas e traz recomendações. O monitoramento tem o financiamento da UNESCO e o apoio de Mulheres Jornalistas, Instituto Patrícia Galvão, Fenaj, Gênero e Número, CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas) e Repórteres sem Fronteiras. O relatório completo, com os resultados e análises do estudo, estará disponível ao público a partir de 8.mar.2022 no site https://violenciagenerojornalismo.org.br/.