Redação Portal IMPRENSA
A decisão do ministro do STF Edson Fachin, tomada nesta segunda (8), de anular quatro processos contra Lula (o do triplex, o do sítio de Atibaia, o de compra de um terreno para o Instituto Lula e o de doações para o mesmo instituto) se baseou na declaração da incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar tais processos.
Mesmo sem relação formal com a Vaza Jato, é praticamente impossível dissociar as anulações de Fachin, que a rigor restabelecem os direitos políticos de Lula para 2022, da histórica série de reportagens publicada pelo Intercept e outros veículos de imprensa (incluindo Folha de São Paulo, Veja e El País) sobre conversas entre procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro vazadas de seus celulares.
Crédito: Reprodução Poder 360
Inicialmente criticada por ultrapassar limites éticos do jornalismo ao divulgar mensagens roubadas, a Vaza Jato também foi colocada em xeque pela suposta ilegitimidade das mensagens.
Mas as reportagens revelaram abusos do então juiz Moro, expuseram um viés político e ideológico da Lava Jato e acabaram influindo, ainda que de maneira velada, na decisão de Fachin que aumenta ainda mais a temperatura política de um momento histórico particularmente tenso.
Para os profissionais de imprensa, porém, o caso deixa uma reflexão importante. Se do ponto de vista jornalístico os vazamentos das mensagem tinham relevância e potencial tão explosivos, por que afinal parte da imprensa se opôs de maneira tão veemente à Vaza Jato?
Para responder é necessário lembrar que a operação pegou a imprensa num momento de crise, demissões e passaralhos. Ao mesmo tempo, a Lava Jato ficou durante 5 anos dando para a imprensa notícia de alto teor explosivo, com altíssimo índice de audiência, gratuitamente.
Em outras palavras, a Lava Jato virou um produto da imprensa brasileira. Por isso criticá-la nem sempre foi uma opção. Mesmo que para isso o jornalismo tivesse que ser deixado em segundo plano.