Após 16 anos, a RPC, afiliada da Globo no Paraná, demitiu o jornalista James Alberti, produtor das primeiras reportagens do “Jornal Nacional” sobre a Operação Lava Jato e o mais premiado da história da emissora.
Portal IMPRENSA apurou que o canal dispensou o jornalista no último dia 11. A demissão ocorreu nove meses após o repórter retornar de uma viagem ao exterior, para se proteger de ameaças de morte recebidas no período que investigava um escândalo envolvendo um primo do governador do Estado, Beto Richa (PSDB).
Em 2010, a RPC levou o prêmio Esso e o Global Shining Light Award pela série “Diários Secretos”, resultado de uma investigação de dois anos liderada por Alberti. Após a divulgação do trabalho, 724 servidores fantasmas foram desligados da Assembleia Legislativa do Paraná.
De acordo com o site Notícias da TV, o repórter atuou no noticiário sobre a Lava Jato até março de 2015, quando se mudou para Londrina, com o objetivo de se aprofundar nas investigações da Operação Publicano, contra um esquema de desvio de dinheiro da Receita Federal, fraude na manutenção de veículos oficiais do Estado e corrupção de menores. Entre os envolvidos, estavam um primo, o fotógrafo e um colega de Richa.
Depois de um mês, a diretoria de jornalismo da RPC teria informado que um funcionário do governo do Estado alertou que Alberti corria o risco de ser assassinado em um assalto em Londrina. Por motivos de segurança, a emissora tirou o repórter do Paraná por dez meses. Ele ficou quatro meses entre São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis e outros seis meses no Canadá.
Ainda segundo o Notícias da TV, Alberti retornou ao Brasil no início do ano. Um colega de profissão informou que a direção da RPC pediu para ele não se envolver como “protagonista” nas investigações com autoridades estaduais.
Procurada por IMPRENSA, a RPC informou que “em virtude da necessária proteção aos direitos e aos interesses de todos os envolvidos, adota-se, por procedimento interno e por política, o sigilo acerca das situações elencadas”.