Lile Correa*
No dia 24 de junho de 2017 por volta das 04 horas da madrugada, deu entrada no Centro Veterinário durante o plantão do Dr. Marcelo Rezende, um cachorro da Raça Husk Siberiado, com 1 ano e meio de idade, onde o proprietário relatava que o animal estava com dificuldade para ficar de pé, andar cambaleante, inquietação e ofegante. “Ele achava que o animal havia sido envenenado e por conta própria o medicou com atropina, aplicando 1 ml (dose 10 vezes maior que o indicado)”, mencionou Dr. Marcelo Rezende ao jornalismo da emissora Líder FM 104,9 de Ponta Porã (MS).
Especialista em clinica e cirurgia de pequenos animais Dr. Marcelo Rezende, avaliando o animal verificou que ele apresentava sintomas de intoxicação por ingestão oral de maconha (cannabis sativa), agravado pelo excesso da dose de atropina, taquicardia, taquipneia, midríase, dor abdominal, andar cambaleante, excitação e medo.
Ao conversar com o proprietário sobre a suspeita clínica, ele disse que o animal poderia ter comido a maconha do vizinho que é usuário de drogas. Diante dos sintomas o animal foi internado para o tratamento de suporte e a realização de exames de sangue. O paciente ficou internado, respondendo bem ao tratamento e recebeu alta voltando para casa.
Dr. Marcelo mencionou que os cães usam o olfato para encontrar coisas escondidas e, muitas vezes, têm curiosidade e voracidade difíceis de controlar. A ingestão de cannabis sativa pode ser fatal para esses animais. A planta possui o delta-9- tetrahidrocannabinol (δ-9-thc), para o qual existe um receptor no sistema nervoso, o cb1, e os seus efeitos são causados devido a ações em vários neurotransmissores, como a dopamina, serotonina, acetilcolina, entre outros. Os sinais clínicos da intoxicação incluem: sinais neurológicos, cardiovasculares e gastrointestinais ou ambos, que variam conforme a concentração de δ-9-thc da planta, e normalmente desenvolvem se de uma a três horas após a ingestão.