Anteriormente relacionada a publicações vendidas em bancas, crise do meio impresso chega a outro modelo de negócios. Dois títulos gratuitos sofrem problemas. MetrôNews encerrou versão impressa. O Metro Jornal, por sua vez, encerrou três edições locais. Jornalistas são demitidos
Depois de a Folha de S. Paulo demitir 18 de uma vez só e a versão em papel do Jornal do Brasil morrer pela segunda vez, mais dois casos evidenciam a crise do meio impresso no país. E ele chega — agora — a jornais gratuitos. Nas últimas semanas, o MetrôNews, que já havia reduzido a edição impressa às quintas e sextas, resolveu operar somente no online. Mantido no Brasil pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, o Metro Jornal segue ativo, mas encerrou as redações em três praças. Brasília, Campinas (SP) e Rio de Janeiro deixam, assim, de contar com o título diário.
O Metro Jornal segue com equipes de jornalistas em seis cidades. Além de São Paulo, onde se concentra a maior redação, a marca segue com bases em Belo Horizonte, Curitiba, Maringá (PR), Porto Alegre e Vitória. Em cada uma das localidades, o impresso conta com conteúdo regional e nacional — que é compartilhado entre todas as redações. Há, ainda, a versão que é distribuída em pontos considerados estratégicos nas cidades do ABC Paulista. Apesar de contar com reportagens sobre Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, a edição é feita pelo time que fica na capital do estado.
Jornalistas demitidos
Os encerramentos das redações nas três cidades se deram nesta sexta-feira, 3 de maio. Em sucinta nota oficial, presente na página 2 de cada praça descontinuada, os responsáveis pelo jornal gratuito informam que o impresso pode voltar em edições extraordinárias. “Agradecemos a todos a confiança desses anos”, reforçam. Informações apuradas pela reportagem do Portal Comunique-se dão conta que ao menos 10 jornalistas tenham sido demitidos com o triplo fim da operação. O Grupo Bandeirantes de Comunicação, contudo, não confirma o número de profissionais dispensados.

“Caro leitor, a partir de hoje, o Metro Rio deixa de circular diariamente, passando a veicular edições em datas e ocasiões especiais. Agradecemos a todos a confiança ao longo desses anos. Continuamos ao seu lado no site MetroJornal.com.br, no Instagram @MetroJornal e no Twitter @MetroJornal_SP”, divulgou a direção do veículo de comunicação. Com mudanças apenas nos nomes dos municípios, a mesma nota foi divulgada nas edições de Brasília e Campinas. Detalhe: a manchete principal foi sobre a chegada da chamada “geração Z” ao mercado de trabalho. Parcela da população que, entre outros pontos, é conhecida por não se interessar por meios midiáticos tradicionais.
Equipes enxutas
Os fechamentos das três redações atingem de forma indireta os profissionais das outras praças do Metro Jornal. Alguns dos jornalistas contatados admitem — em off — que temem que o mesmo ocorra nas demais localidades no curto ou médio prazo. Internamente, há quem aposte que só a versão de São Paulo possa continuar a ser impressa diariamente. No momento, somente a equipe baseada na capital paulista é composta por mais de 10 jornalistas (13 no caso), conforme dados atualizados pela equipe de monitoramento de mídias do Mailing Comunique-se. As demais, contam com times enxutos, sinalizando a falta de investimento em produção de conteúdo, que é a atividade-fim da marca.
- Metro Vitória = 9 jornalistas
- Metro Belo Horizonte = 6 jornalistas
- Metro Curitiba = 5 jornalistas
- Metro Porto Alegre = 5 jornalistas
- Metro Maringá = 4 jornalistas
Demissões e… fim
Sediado em Guarulhos (SP) e com exemplares distribuídos nas proximidades de estações do metrô paulistano, o MetrôNews decidiu concentrar de vez os esforços no online em abril. O dia 18 do mês passado marcou a circulação do último impresso da marca. Com 44 anos de história, o título já vinha operando com equipe reduzida. Nos últimos três meses, a redação era composta por apenas quatro funcionários. Quarteto que acabou demitido agora. Conforme apurado, o time derradeiro e demais jornalistas dispensados antes, em março, têm pendentes o recebimento de benefícios legais, como férias e décimo terceiro. A direção do MetrôNews não se pronunciou até o momento.
A contração do trabalho no online não significa investimentos no digital no caso do MetrôNews. Pelo contrário. No site, os novos conteúdos são vindos quase que integralmente de parceiros, como a pública Agência Brasil e a comercial Agência Estado. Há, também, materiais produzidos diretamente pelo governo do estado de São Paulo. Com postagens escassas, as contas nas redes sociais contam com pouco público. São 13 mil curtidas no Facebook, 2,1 mil seguidores no Instagram e 627 seguidores no Twitter. O número utilizado no WhatsApp para interação com o público leitor foi desativado (a última vez que ficou online foi em 17 de abril).
