Na primeira audiência que vão embasar os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Fake News, ontem, jornalistas e especialistas apontaram a disputa política e o avanço tecnológico como principais causas do avanço das fake news.
Para o doutor em Filosofia Wilson Gomes, professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a disseminação de notícias falsas é um fenômeno persistente em um ambiente de “hiperpolarização política”. Segundo ele, o avanço da conexão tecnológica permitiu que as fake news se espalhem de forma rápida e para todos os lugares.
“Hoje não há front: não há lugar que não possa ser alcançado. Fake news tem a ver com o mundo digital, com ambientes de convivência, com uma espécie de retribuição de amor digital”, apontou.
Editor do Estadão Verifica e presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Daniel Bramatti disse que problema das fake news não será resolvido com leis ou na Justiça, mas com iniciativas da sociedade organizada. Como exemplo, ele citou como exemplos os serviços de checagem, os fact-checking, que ajudam o leitor a identificar uma notícia falsa.
“Criminalizar as fake news é um absurdo. Há muitos ditadores usando esse recurso para prender jornalistas”, alertou.
Já o coordenador-geral do curso de extensão em Direito Eletrônico da Escola de Magistratura do Rio de Janeiro, Walter Capanema, afirmou que a internet é a praça do debate político e das informações e se tornou uma espécie de manancial de fake news.