Não é apenas a mídia tradicional que está preocupada com a disseminação das fake news. Uma pesquisa realizada a pedido da Confederação Nacional de Dirigentes Logistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) revela que 75% dos eleitores brasileiros temem que notícias falsas influenciem suas escolhas na hora de votar. Como resultado, muitos disseram ter adquirido o hábito de tentar verificar se a informação é verdadeira. O primeiro turno da eleição será neste domingo.
O índice de preocupação com fake news é ainda maior na população mais jovem. O estudo aponta que entre os eleitores até 34 anos, esse número sobe para 82%. Entre todas as faixas etárias, 67% dos entrevistados afirmaram que os debates nas televisões são sua principal fonte de informação sobre as propostas dos candidatos à presidência da República. A internet é utilizada por 40% e matérias jornalísticas são a opção para 34%. Outros 30% dos pesquisados responderam se basear em conversas com parentes e amigos para obter essas informações. Somente 29% utiliza o horário eleitoral gratuito com essa finalidade.
Um ponto positivo indicado pelo levantamento é que 60% dos entrevistados afirmaram ter o hábito de tentar checar a veracidade das informações que recebem através das redes sociais e Whatsapp. Apenas 18% admitiu que raramente ou nunca verifica se o que recebe é verdadeiro.
Para 52% das pessoas, o recurso de verificação é a checagem de credibilidade da fonte. Pesquisas com alguma ferramenta de busca na internet é a opção para 45%. Outro dado interessante é que 33% dos eleitores asseguraram ler a íntegra das matérias e não apenas o título antes de compartilhá-las. Para fazer o levantamento, foram ouvidas 800 pessoas acima de 18 anos, em 27 capitais do país.
“A proximidade das eleições coloca a propagação de notícias inverídicas ainda mais em evidência, uma vez que este é um período em que as pessoas recorrem a todo tipo de fonte e são bombardeadas por diversas informações a respeito dos candidatos, propostas e planos de governo”, destaca o presidente da CNDL, José Cesar da Costa.
Juntamente com o SPC, a CNDL lançou em agosto uma campanha sobre a importância da conscientização popular a respeito das consequências da fake news. Economista-chefe do SPC-Brasil, Marcela Kawauti falou ao Portal Imprensa sobre a importância de discutir o assunto.
Foi a primeira vez que fizeram uma pesquisa desse tipo? Por que julgaram necessário?
Sim, a primeira. Fizemos porque percebemos que o tema está em voga na eleição e precisávamos entender como o eleitor lidava com isso. Nunca tivemos uma eleição com participação tão forte da internet, com redes sociais e tudo mais. Além disso, é a eleição mais polarizada desde a retomada do voto direto. Isso fomenta não apenas a fake news, mas, principalmente, quem repassa. Mesmo que às vezes o faça sem maldade. Consciente disso, o CNDL, em parceria conosco, lançou uma campanha, em agosto, para ajudar o consumidor a identificar notícias falsas.
Qual a importância dessa iniciativa?
Sabemos que o compartilhamento influencia no voto e as fake news podem influenciar de forma errada. A verdade é que essa é uma realidade que veio para ficar.
Como fica a situação caso haja segundo turno?
Devemos continuar a campanha porque é muito importante. Não decidimos ainda se vamos fazer novamente (no futuro), mas se o tema continuar em voga e percebermos que permanece influenciando negativamente podemos repetir, sim. O fake news está aí e vamos ter de lidar com isso, porque é algo que está na nossa vida. É importante quantificar e apontar o perigo e importância de lidar com essa situação.
Votação paralela em Fortaleza (Marcelo Camargo/Agência Brasil)