Léo Veras foi executado com 12 tiros na fronteira com o Brasil, em Pedro Juan Caballero. Ele vinha sofrendo ameças de criminosos, de acordo com o MP.
Por G1 MS
Entidades jornalísticas do Brasil se manifestaram nesta quinta-feira (13) sobre o assassinato do jornalista Léo Veras, em Pedro Juan Caballero, na fronteira com o Brasil, em Mato Grosso do Sul. O profissional foi executado com 12 tiros quando jantava com a família na noite anterior. Léo chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
Em 2017, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) produziu um documentário de lançamento do programa Tim Lopes que investiga a morte de jornalistas pelo país. Léo Veras foi um dos entrevistados no documentário, ele mostra que tinha medo de ser assassinado e pede que a morte não seja tão violenta.
“Que não seja com tantos disparos de fuzil, porque aqui quando o pistoleiro quer ele abre a porta da sua casa e efetua os disparos, espero que seja apenas com um tiro para não estragar tanto”. disse
O presidente da associação, Marcelo Träsel, falou que o crime é motivo preocupação e será acompanhado. “Estamos coletando as informações sobre o Léo, a morte de um comunicador é sempre motivo de preocupação e vamos cobrar das autoridades para que isso não fique impune”, comentou.
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), a Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) emitiram uma nota em conjunto lamentando a morte de Léo Veras e pedindo apuração criteriosa sobre o caso.
O Sindicato dos jornalistas de Mato Grosso do Sul (Sindjor-MS) também emitiu uma nota sobre a morte e exigiu severa investigação por parte das autoridades sul-mato-grossenses e brasileiras, para que seja punido esse atentado à vida e à democracia.
Leia a nota da ABERT, ANER E ANJ
Veras, o Léo Veras, executado na noite de quarta-feira (12), em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul. As entidades se solidarizam com a família, os amigos e os colegas do jornalista, e esperam que as autoridades do Paraguai e do Brasil esclareçam o caso com celeridade e que os responsáveis pelo crime sejam encaminhados à Justiça e punidos nos termos da lei.
ABERT, ANER e ANJ ressaltam que Léo Veras noticiava fatos relacionados ao tráfico de drogas, sério problema existente na fronteira entre Brasil e Paraguai, e vinha sofrendo ameaças, segundo informações da imprensa local.
Os assassinatos de comunicadores têm por objetivo intimidar o livre exercício do jornalismo e impedir o direito dos cidadãos de serem plenamente informados. A apuração criteriosa e rápida da morte de Léo Veras, assim como dos demais homicídios de jornalistas, é fundamental para combater a impunidade, principal causa da continuidade desse tipo de crime.
A Execução
O jornalista brasileiro Léo Veras foi executado por pistoleiros na noite desta quarta-feira (12) na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã, cidade sul-mato-grossense a 342 km de Campo Grande.
Léo Veras é bastante conhecido em Mato Grosso do Sul por seu trabalho. Ele era o dono de um site policial que produzia notícias da região da fronteira em português e espanhol. Frequentemente ele noticiava situações relacionadas ao tráfico de drogas.
De acordo com a Polícia Nacional do Paraguai, Léo foi atingido por cerca de 12 tiros de pistola 9 milímetros. Um dos disparos acertou a cabeça dele no momento em que ele tentou correr dos assassinos. O jornalista chegou a ser socorrido e encaminhado para um hospital particular da cidade paraguaia, mas não resistiu.
Segundo a ocorrência, Léo estava jantando com a família no quintal de sua casa. Por volta das 21 horas, dois pistoleiros encapuzados chegaram em uma caminhonete branca, entraram pelo portão que estava aberto e invadiram o local. Eles direcionaram os disparos contra o jornalista e foram atrás dele quando Veras tentou correr para a rua.
O promotor paraguaio responsável pelo caso, Marco Amarilla, informou ao G1 que apurou que o jornalista vinha sofrendo ameaças. Nos últimos dias, segundo o promotor, Léo Veras estava com medo.