Relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) concluiu que atiradores das Forças Armadas israelenses atingiram intencionalmente quatro jornalistas durante conflitos em territórios da Faixa de Gaza em 2018. Dois profissionais de imprensa morreram.

“A comissão encontrou motivos razoáveis para acreditar que atiradores israelenses atiraram em jornalistas intencionalmente, apesar de verem que eles estavam claramente marcados como tal”, conclui o relatório. De acordo com a investigação realizada por uma comissão independente do Conselho de Direitos Humanos, todos os profissionais alvejados portavam colete com a palavra “imprensa” gravada na frente e capacetes.
Os jornalistas Yasser Murtaja e Ahmed Abu Hussein foram atingidos abaixo do abdômen nos dias 6 e 13 de abril, respectivamente, e morreram por causa dos ferimentos. Os outros dois profissionais sobreviveram e não tiveram seus nomes divulgados no relatório.
O relatório informa que além das duas vítimas fatais, 39 jornalistas foram feridos por balas reais utilizadas pelas forças israelenses em manifestações ocorridas entre 30 de março e 31 de dezembro.
Além dos profissionais, um estudante de jornalismo de 19 anos, que trajava o colete de identificação e fotografava os tumultos, também foi atingido. O rapaz levou dois tiros na perna direita, que precisou ser amputada, mas sobreviveu.
O Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) divulgou comunicado cobrando uma resposta do governo israelense. “O relatório da comissão das Nações Unidas não vai trazer de volta Yaser Murtaja e Ahmed Abu Hussein, mas deixa bem claro que a responsabilidade por suas mortes e por alcançar qualquer medida de justiça cabe às autoridades israelenses. Como uma democracia, Israel mantém o controle civil de suas forças armadas e deve garantir que elas respeitem a lei internacional, que classifica os jornalistas como civis”, afirmou Sherif Mansour, coordenador do programa da CPJ para o Oriente Médio e o Norte da África.
Em sua conclusão, o relatório considera que as ações de Israel foram praticadas contra “manifestantes desarmados” e podem “constituir crimes de guerra ou crimes contra a humanidade”. Durante o período analisado, cerca de 251 palestinos foram mortos, principalmente, em áreas próximas à fronteira. Dois soldados israelenses morreram. O governo de Israel negou as acusações.