Após o desaparecimento de dois cidadãos chineses que transmitiam no YouTube vídeos sobre a epidemia de coronavírus, mostrando vários corpos e situação caótica nos hospitais da cidade de Wuhan, epicentro do problema, a imprensa internacional segue noticiando indicativos do recrudescimento da censura chinesa aos veículos de comunicação que cobrem o caso.
Segundo reportagem da Reuters, na semana passada os censores do governo chinês fecharam grupos de conversas online e apagaram posts em redes sociais. As autoridades também repreenderam empresas de tecnologia que não controlaram o discurso nas redes.
Analista do Instituto de Políticas Estratégicas da Austrália (ASPI) e especialista em mídias sociais chinesas, Fergus Ryan disse à Reuters que cerca de 300 jornalistas foram enviados a Wuhan e arredores para relatar o surto.
Caos nos hospitais de Wuhan: a típica imagem que o governo chinês não quer ver na internet
“É muito provável que a orientação deles seja mostrar uma imagem mais positiva dos esforços do governo, em vez de se envolver em reportagens investigativas ou críticas”, analisa.
A censura chinesa não atinge apenas profissionais de comunicação. O médico Li Wenliang foi repreendido por emitir um alerta sobre o coronavírus e acabou morrendo da doença, fato que provocou indignação no país.
Os meios de comunicação chineses tiveram permissão para relatar a morte de Li, mas não as repercussões que ela provocou. Os posts nas mídias sociais pedindo que o governo de Wuhan pedisse desculpas ao médico sumiram.
Um alerta enviado aos editores de um canal de notícias chinês, ao qual a Reuters teve acesso, pedia que eles não “comentassem ou especulassem” sobre a morte de Li, não usassem hashtags e deixassem o tópico desaparecer da lista de assuntos mais pesquisados.
Matérias investigativas publicadas por meios de comunicação locais de Wuhan também vêm sendo excluídas.