A abordagem à obesidade na mídia ainda é rodeada de estigmas, preconceitos e desinformação, quando não é feita de forma superficial e não consegue cumprir o seu papel fundamental, que é levar a pessoa obesa a buscar tratamento.
O problema está nos veículos de notícias, mas também nas redes sociais, nas propagandas e em diversos conteúdos difundidos na TV, internet, jornais, sites… Por isso foi lançado nessa quinta-feira (18) o Guia de Obesidade para Comunicadores, voltado para jornalistas, influenciadores e produtores de conteúdo e que tem como objetivo interromper o ciclo de desinformação em torno do tema.
A ideia partiu da farmacêutica Novo Nordisk e contou com a parceria da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e da Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência. A produção é da jornalista Natalia Cuminale.
“Eu tinha acabado de lançar outro guia para jornalistas para ajudar na cobertura do coronavírus e a empresa sentiu que faltava algo na mesma linha em relação à obesidade. É inegável o quanto o tema muitas vezes ainda é abordado da forma errada ou superficialmente. Mais do que isso, uma nota ou matéria que não tem o devido cuidado ajuda a perpetuar o estigma, afasta a pessoa com obesidade da busca por ajuda profissional. A informação ajuda a interromper esse ciclo”, afirma a jornalista.
O guia traz informações e dados científicos que mostram que a obesidade é uma doença e como afeta a vida das pessoas. Também foi abordada a questão do estigma a partir da leitura de estudos científicos e consensos médicos, feita com a ajuda de especialistas.
Em seguida, ele traz questões específicas da comunicação: linguagem, pautas e até fotos que podem ajudar a reforçar esse estigma. “Além de explicarmos o que é a obesidade, suas causas e consequências, também queremos ampliar a discussão sobre como abordá-la, mantendo o respeito aos pacientes e a todos aqueles envolvidos no tema, seja no momento de escolher um termo a ser usado ou na hora de editar uma foto”, explica Simone Tcherniakovsky, diretora de Assuntos Corporativos da Novo Nordisk.
No guia, ainda é possível encontrar fontes de informações confiáveis, como as sociedades médicas, que são referência no assunto, como também os locais e sites para consultar pesquisas científicas.
“A obesidade ainda é um tabu, sem dúvida. É um erro acreditar que ela ocorre por culpa da pessoa ou por falta de força de vontade de mudar determinado comportamento. Os jornalistas têm um papel fundamental em transformar essa realidade. Nós podemos mudar desde quando escolhemos a pauta, na forma como retratamos os personagens e até nos elementos de linguagem utilizados. O guia convida os jornalistas e os produtores de conteúdo para essa reflexão”, ressalta Natalia Cuminale.
Em tempos de desinformação, a proposta amplia a discussão ampla sobre a obesidade, como aposta Simone Tcherniakovsky. “Este ciclo vicioso de falta de informação pode ser vencido se fomentarmos discussões amplas entre gestores públicos e na população geral por intermédio da imprensa, influenciadores e comunicadores em geral”.