Redação Portal IMPRENSA*
Na madrugada de 3 para 4 de junho de 1989, os tanques do exército chinês encerraram de forma brutal sete semanas de manifestações, que tinham como centro a Praça da Paz Celestial, hoje chamada de Praça Tiananmen, em Pequim. As imagens do jovem chinês que enfrenta os tanques percorreram o mundo e deram novas cores ao debate sobre a liberdade de expressão nos países que se proclamavam socialistas.
Crédito: Reprodução Global Times

Na efeméride dos 30 anos dessa repressão, o jornal Global Times, publicou editorial sobre o episódio, que é considerado tabu no país. De acordo com o despacho publicado pela Agência France Press, o Global Times considera que o “incidente” de 4 de junho de 1989 “se tornou um fato histórico esquecido”, e que esse esquecimento permitiu à China seguir com seu desenvolvimento econômico espetacular.
“Depois do incidente, a China conseguiu se transformar na segunda economia mundial, com uma rápida melhora do nível de vida”, completa o jornal, enquanto o restante da imprensa não mencionou o aniversário da repressão. “Vacinando a sociedade chinesa, o incidente de Tiananmen aumentou enormemente a imunidade da China contra qualquer problema político futuro”, afirmou o jornal, cujo editorial não foi publicado na edição em chinês, mas foi publicado na versão em inglês.
“A China de hoje claramente não tem as condições políticas (necessárias) para reproduzir repentinamente os distúrbios de 30 anos atrás”, opina o editorial do Global Times, para quem a sociedade “está farta de tragédias políticas na União Soviética, Iugoslávia e alguns países árabes”.
De acordo com reportagem da Rádio França Internacional, o ministro da Defesa da China, o general Wei Fenghe, repetiu no domingo (2) a linha oficial do regime sobre Tiananmen e declarou que as autoridades da época tomaram “uma decisão correta” ao enviar tanques contra a concentração pacífica, que na ocasião foi descrita pelo regime como um “motim contrarrevolucionário” Os comentários não foram divulgados pela imprensa chinesa.
A repressão, que provocou centenas ou mais de mil mortes – dependendo da fonte -, permanece um tabu na China. Um balanço oficial de vítimas nunca foi divulgado.