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Jornalista alemão detido na Venezuela desde novembro inicia nova greve de fome na prisão

Por Carolina de Assis

O jornalista alemão Billy Six, preso na Venezuela desde meados de novembro, iniciou no dia 3 de fevereiro uma nova greve de fome e “exige sua imediata liberação”, conforme informou a organização venezuelana Espacio Público.

Six está preso desde o dia 17 de novembro, segundo reportou a BBC News Mundo na ocasião. Ele foi detido por agentes da Direção Geral de Contrainteligência Militar em Santa Cruz de Los Taques, cidade litorânea a 500 km a oeste de Caracas.

O jornalista foi levado para a prisão Helicoide, no centro da capital venezuelana, sede do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), e lá se encontra até o momento, disse a Espacio Público, associação civil voltada à promoção e à defesa da liberdade da expressão e do direito à informação na Venezuela.

No dia 13 de dezembro, Six iniciou uma greve de fome para exigir que lhe fosse permitido comunicar-se com sua família, com a Embaixada da Alemanha em Caracas e com um advogado de sua confiança, afirmou a organização.

No dia 14 de dezembro, a Embaixada conseguiu falar com ele ao telefone pela primeira vez desde sua prisão, reportou a agência de notícias alemã DW.

Segundo uma nota da Espacio Público, o jornalista seguiu sem se alimentar até o dia 22 de dezembro, quando teria suspendido seu protesto à espera de uma solução diplomática para sua libertação.

Carlos Correa, diretor da organização, disse a El País em dezembro que Six “entrou na Venezuela desde a cidade colombiana de Cúcuta, fez várias coberturas, entre elas uma manifestação com Maduro. Foi lá que ele fez fotografias desde um ponto muito próximo do mandatário e por isso o acusam de violar os perímetros de segurança”.

Ele é acusado de espionagem, violação de zonas de segurança e rebelião e seu processo será julgado em um tribunal militar, informou El País.

Caso seja condenado, Six pode ser sentenciado a até 28 anos de prisão, afirmou a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

“As autoridades venezuelanas devem divulgar o quanto antes as provas contra o jornalista e colocá-lo em liberdade para que possa preparar sua defesa”, afirmou Emmanuel Colombié, diretor da RSF na América Latina, em dezembro. “Por outro lado, é inconcebível que o Estado venezuelano faça com que um tribunal militar julgue o jornalista. Isso constitui uma grave violação à legislação nacional e às obrigações internacionais do país. Um civil não tem por que comparecer diante de uma corte militar.”

De acordo com a DW, Six escreve para os veículos alemães de direita Junge Freiheit e Deutschland-Magazin e estava na Venezuela cobrindo a crise econômica, política e social por que passa o país.

O jornalista, que segundo El País se autointitula o “Indiana Jones do jornalismo” em seu canal do YouTube devido a suas coberturas em países em conflito, já esteve preso durante 12 semanas na Síria por ter entrado no país ilegalmente, disse a DW.

Six era um dos três jornalistas presos na Venezuela em dezembro de 2018, o que fez do país o líder na América Latina com mais profissionais da imprensa presos por fazer seu trabalho no fim do ano passado, segundo relatório anual do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Além dele, também estão presos os venezuelanos Jesús Medina Ezaine, detido na prisão militar Ramo Verde desde agosto de 2018, e Braulio Jatar, em prisão domiciliar desde maio de 2017.

A segunda greve de fome de Six acontece pouco depois das detenções de pelo menos 10 jornalistas estrangeiros na Venezuela ao longo das duas últimas semanas de janeiro.

O Centro Knight entrou em contato com a Embaixada da Alemanha na Venezuela e com a organização Espacio Público, mas não teve resposta até o fechamento desta nota.

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