Uma equipe de reportagem da rádio Jovem Pan foi hostilizada durante a cobertura das manifestações contra os cortes de verbas na Educação. O incidente aconteceu na noite de quinta-feira (30), na região da Avenida Rebouças, na capital paulista.

O repórter Marcelo Mattos e o cinegrafista João Pedro Montans estavam fazendo a cobertura do evento quando foram xingados por um homem. A partir desse momento, outros manifestantes começaram a hostilizá-los também chamando os profissionais de fascistas e atrapalhando a realização do seu trabalho.
Os ataques foram transmitidos ao vivo durante o programa Os Pingos nos Is. Para escapar das agressões, os dois jornalistas buscaram abrigo na estação Oscar Freire do Metrô.
“Esse episódio não é contra a rádio Jovem Pan, contra o Marcelo Mattos ou o João, é contra a imprensa brasileira, contra a democracia do país. A imprensa tem que ter o direito de ir pra rua fazer o seu trabalho, sem ninguém lhe cercar, acusar, xingar, segurar o braço, apertar a orelha, uma agressão física. Como pode uma pessoa que defende a educação me chamar de fascista e ter um comportamento extremamente violento como esse se ela nunca viu na vida?”, disse ao portal da emissora.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nota criticando os ataques aos profissionais. “A Abraji repudia o ato de hostilidade contra Marcelo Mattos e João Pedro Montans. É inaceitável que jornalistas sejam atacados em pleno exercício da profissão. A discordância a respeito de linhas editoriais, quaisquer que sejam, não pode culminar no comprometimento da segurança de profissionais da imprensa – sem cujo trabalho nem sequer haveria material com o qual eventualmente discordar”, diz o texto.
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) também repudiou as hostilidades e agressões. “A atividade jornalística é fundamental para a sociedade, que tem o direito de ser informada sobre fatos de interesse público. A atitude dos manifestantes demonstra intolerância e total desconhecimento do papel da imprensa. A ABERT reafirma a defesa intransigente da liberdade de expressão e do direito do brasileiro à livre informação”, afirma em nota.
Diversos jornalistas usaram suas contas no Twitter para criticar o ocorrido e se solidarizar com os profissionais atacados. As manifestações contra os cortes orçamentários, denominados pelo governo como contingenciamento de recursos, ocorreram em 25 estados, além do Distrito Federal.
Foi o segundo dia de manifestações nacionais em menos de uma semana. No domingo, partidários do governo do presidente Jair Bolsonaro foram às ruas para apoiá-lo e a seus projetos. Na ocasião também houve registro de hostilizações contra jornalistas em Curitiba (PR) – o repórter Hiago Zanolla (UFPR) e os repórteres fotográficos Franklin Freitas (Bem Paraná), Giorgia Prates (Plural) e Hedeson Alves (Gazeta do Povo) foram xingados e agredidos -, em Belo Horizonte (MG) – Jonas Campos, o cinegrafista e o auxiliar foram perseguidos aos gritos de “jornalixo” -, em Porto Alegre (RS) – equipe da TV Globo foi hostilizada -, em São Paulo (SP) – repórter da Folha de S. Paulo foi hostilizada e ameaçada – e em Fortaleza (CE) – repórter da Folha de S. Paulo foi hostilizada.
Assista ao vídeo das agressões à equipe da Jovem Pan: