Marco Temporal: Representante da CNA defende produtores e indígenas como vítimas em debate no STF

Por g1 MS

Marcelo Bertoni levou, pela primeira vez, a voz dos produtores rurais para a mesa de conciliação — Foto: Divulgação

Marcelo Bertoni levou, pela primeira vez, a voz dos produtores rurais para a mesa de conciliação — Foto: Divulgação

Durante o debate no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o Marco Temporal, ocorrido na quarta-feira (28), o representante da Confederação Nacional da Agropecuária do Brasil (CNA), Marcelo Bertoni, levou pela primeira vez a voz dos produtores rurais para a mesa de conciliação. Bertoni, que também preside a Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul) e a Comissão Nacional de Assuntos Fundiários da CNA, destacou que tanto os produtores quanto as comunidades indígenas são vítimas da situação.

“Indígenas e produtores são vítimas, e não estamos aqui para defender o que está errado. No meu Estado (Mato Grosso do Sul), onde tivemos a Guerra do Paraguai, muitos territórios eram paraguaios, e os produtores rurais foram colocados lá para cumprir com a soberania nacional, há 150 anos. Não somos invasores, não tomamos essas terras, elas foram compradas e tituladas pela União. Se o erro foi lá atrás, que consertem”, afirmou Bertoni.

O representante da CNA enfatizou a necessidade de que a justiça seja feita e que as decisões de reintegração de posse das áreas invadidas sejam cumpridas. Segundo ele, a falta de ação nas reintegrações de terras indígenas tem gerado insegurança e dificuldades para os produtores rurais.

“Como falo para produtor acreditar na justiça? Se não há reintegração quando se trata de terras indígenas. Estou aqui para representar a dor desses produtores que não têm a reintegração cumprida. Muitos deles precisam começar a plantar nos próximos dias, sob risco de não terem o mínimo para sustentarem suas famílias”, frisou Bertoni.

As demarcações de terras indígenas impactam quase 10 milhões de hectares em todo o Brasil, afetando 10,2 mil propriedades em 25 estados. Em Mato Grosso do Sul, onde os conflitos estão mais intensos, são mais de 283 mil hectares e 903 propriedades rurais em 30 cidades. O debate no STF sobre o Marco Temporal continua a ser um ponto crucial para a resolução desses conflitos fundiários.