Moradores da fronteira entre Brasil e Paraguai em MS vivem realidades diferentes com políticas de quarentena opostas

Por Ricardo Freitas e Martim Andrada

Exército paraguaio atuando na fronteira com o Brasil — Foto: TV Morena/Reprodução

Exército paraguaio atuando na fronteira com o Brasil — Foto: TV Morena/Reprodução

As cidades de Ponta Porã, no Brasil, e Pedro Juan Caballero, no Paraguai estão divididas apenas por uma traçado imaginário que corta os dois municipios, a chamada Linha Internacional. O acesso ao Paraguai está fechado pelo governo paraguaio desde o dia 18 de março. O Exército controla a entrada e só passam paraguaios ou residentes.

Mas a área não está apenas dividida territorialmente, o que chama atenção é divisão de políticas públicas entre os dois países em relação ao novo coronavírus. Do lado azul e vermelho da fronteira, o Paraguai endurece cada vez mais a quarentena. Nesta sexta-feira (24), o presidente Mário Abdo informou que a medida será estendida por mais uma semana . Já do lado brasileiro ocorre o oposto.

Ponta Porã já permitiu a abertura parcial do comércio e até de academias de ginástica. Nesta quinta-feira (23), um novo decreto da prefeitura afroxou ainda mais a quarentena com a permissão do funcionamento de bares e lanchonetes das 16h às 22h.

No Paraguai nenhum estabelecimento pode abrir durante a quarentena, o país inclusive tem toque de recolher que funciona a partir das 15h, proibindo a circulação de veículos e pessoas.

A diferença de tratamento em relação a pandemia vem gerando debates na fronteira. De maneira geral, os brasileiros apoiam as medidas de afrouxamento, já os paraguaios estão cumprindo as regras do governo e aderiram a quarentena de maneira permanente. Prova disso, é o baixo número de autuações de pessoas que não cumpriram o fechamento, apenas duas durante essa semana.

Pedro Juan Caballero registrou 8 casos do novo coronavírus e Ponta Porã 3 casos da doença, de acordo com os últimos boletins de saúde.