Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco presidiu a missa da Vigília Pascal, neste 30 de março, Sábado Santo, na Basílica de São Pedro.
Em sua homilia, o Papa se deteve em dois momentos da passagem do Evangelho de Marcos em que as mulheres vão ao túmulo de Jesus bem cedo. No primeiro, elas se perguntam angustiadas quem faria rolar para elas a pedra do sepulcro, que era muito grande. No segundo, erguendo os olhos, viram que a pedra já tinha sido tirada. Segundo Francisco, esses dois momentos “nos levam à alegria inaudita da Páscoa”.
Os «maços da morte» ao longo do caminho
“Aquela pedra representava o fim da história de Jesus, sepultado na noite da morte. Ele, a vida que veio ao mundo, foi morto; Ele, que manifestou o amor misericordioso do Pai, não recebeu compaixão; Ele, que aliviou os pecadores do peso da condenação, foi condenado à cruz. Aquele maço, obstáculo intransponível, era o símbolo do que as mulheres levavam no coração, ou seja, o fim da sua esperança”, disse ainda o Papa, sublinhando que “o mesmo pode acontecer também conosco”.
“Às vezes sentimos que uma pedra tumular foi pesadamente colocada na entrada do nosso coração, sufocando a vida, extinguindo a confiança, encarcerando-nos no sepulcro dos medos e amarguras, bloqueando o caminho para a alegria e a esperança. São «maços da morte»; e os encontramos, ao longo do caminho, em todas as experiências e situações que nos roubam o entusiasmo e a força para prosseguir.”
De acordo com o Papa, encontramos esses «maços da morte» “nos sofrimentos que nos afetam e na morte de pessoas queridas, que deixam em nós vazios incuráveis; nos fracassos e medos que nos impedem de fazer as coisas boas que temos no coração; em todos os isolamentos que abrandam os nossos impulsos de generosidade, não permitindo abrir-nos ao amor; nos muros de borracha do egoísmo e da indiferença, que impedem o compromisso de construir cidades e sociedades mais justas e à medida do homem; em todos os anseios de paz sufocados pela crueldade do ódio e pela ferocidade da guerra“.
Segundo Francisco, “quando se experimentam estas desilusões, apodera-se de nós a sensação de que muitos sonhos acabarão por ser desfeitos, perguntando-nos, angustiados, a nós mesmos: quem nos rolará a pedra do sepulcro?”
Elevar os olhos para Jesus
Contudo, aquelas mulheres que tinham a escuridão no coração nos dão testemunho de algo extraordinário: erguendo os olhos, viram que a pedra já tinha sido rolada, embora fosse muito grande.
“Aqui está a Páscoa de Cristo, aqui está a força de Deus: a vitória da vida sobre a morte, o triunfo da luz sobre as trevas, o renascimento da esperança por entre os escombros do fracasso. Foi o Senhor, Deus do impossível, que, para sempre, rolou a pedra para o lado e começou a abrir os nossos corações, a fim de não acabar a esperança. Por isso, devemos também nós elevar os olhos para Ele.”
O Pontífice convidou a levantar “o olhar para Jesus” que “depois de ter assumido a nossa humanidade, desceu aos abismos da morte e atravessou-os com a força da sua vida divina, abrindo uma fresta infinita de luz para cada um de nós. Ressuscitado pelo Pai na sua carne, na nossa carne, com a força do Espírito Santo abriu uma nova página para o gênero humano”.
Renovar ao Senhor hoje o nosso sim
Segundo o Papa, “se deixarmos Jesus tomar-nos pela mão, nenhuma experiência de fracasso e sofrimento, por mais que nos doa, poderá ter a última palavra sobre o sentido e o destino da nossa vida. A partir de então, se nos deixarmos agarrar pelo Ressuscitado, nenhuma derrota, nenhum sofrimento, nenhuma morte poderá deter o nosso caminho rumo à plenitude da vida”.
Levantemos o olhar para Ele, acolhamos Jesus, Deus da vida, em nossas vidas, renovemos-Lhe hoje o nosso «sim» e nenhum maço de pedra poderá sufocar-nos o coração, nenhum sepulcro poderá encerrar a alegria de viver, nenhum fracasso será capaz de nos lançar no desespero. Levantemos o olhar para Ele e peçamos-Lhe que a força da sua ressurreição role para o lado as pedras que nos oprimem a alma. Levantemos o olhar para Ele, o Ressuscitado, e caminhemos na certeza de que, no fundo obscuro das nossas expectativas e das nossas mortes, já está presente a vida eterna que Ele veio trazer.