Programa Tim Lopes de Proteção a Jornalistas lançou site na versão em inglês

O Programa Tim Lopes de Proteção a Jornalistas, que está completando três anos, lançou seu site na versão em inglês. A cobertura dos três casos que fazem parte do programa está traduzida e disponível.

Desenvolvido pela Abraji, com o apoio da Open Society Foundations, o programa busca combater a violência contra jornalistas e a impunidade dos responsáveis. Em caso de crimes ligados ao exercício da profissão, uma rede de veículos da mídia tradicional e independente é acionada para acompanhar as investigações e publicar reportagens sobre as denúncias em que o jornalista trabalhava até ser morto.

Integram a rede atualmente: Agência Pública, Correio (BA), O Globo, Poder 360, Ponte Jornalismo, Projeto Colabora, TV Aratu, TV Globo e Veja.

Reprodução / Tim Lopes Project

caso mais recente incluído no programa é o do jornalista Léo Veras, assassinado em 12.fev.2020, em Pedro Juan Caballero, no Paraguai.

Ele foi surpreendido por dois homens que invadiram sua casa, enquanto jantava com a família. Um pistoleiro reteve a família na sala, enquanto o segundo perseguiu o jornalista, disparando 12 tiros. Um terceiro homem seguiu por uma rua lateral para impedir a eventual fuga do repórter pela porta dos fundos e acabou baleado. A identidade dos pistoleiros ainda não foi revelada. A polícia paraguaia fez uma operação e prendeu dez pessoas.

Em 01.mai.2020, Waldemar Pereira Rivas, suspeito de envolvimento no assassinato e integrante da quadrilha do PCC que atua na região da fronteira, foi detido em Pedro Juan Caballero. Ele estava foragido, foi acusado de ser o autor do crime contra Veras e responderá por homicídio doloso e associação criminosa.

Conhecido como “Cachorrão”, Rivas é apontado como proprietário do Jeep Renegade que teria sido usado pelos pistoleiros na noite do crime. Ele nega o envolvimento no assassinato e afirma que era amigo da vítima. A viúva do jornalista prefere não comentar. Ela e a família continuam sendo escoltadas 24 horas pela Polícia Nacional do Paraguai.

Segundo o promotor Marco Amarilla, que integra a força-tarefa responsável pelo caso, as provas estão sendo coletadas e serão analisadas durante a investigação. O caso deve ser julgado pelo tribunal paraguaio ainda este ano. O promotor disse que ainda não está descartado o envolvimento de Ederson Salinas Benitez, conhecido como Salinas Ryguasu, chefe do PCC na região.

Programa Tim Lopes (PTL), criado em 2017, é uma resposta da Abraji à violência contra jornalistas no Brasil. Comunicadores, em especial do interior do país, têm sido alvos constantes de agressões e ameaças por parte de organizações criminosas e agentes políticos locais. É nesse contexto que assegurar a proteção de jornalistas tem sido uma das prioridades do Programa, que também acompanha o rumo das investigações de profissionais assassinados para que não entrem nas estatísticas da impunidade.

A violência contra jornalistas tem ocorrido de forma sistemática no Brasil. Dados levantados pelo monitoramento de ataques contra jornalistas da Abraji revelam que o ano de 2022 foi marcado por uma escala de agressões a profissionais de imprensa e meios de comunicação em geral, com 571 casos registrados – 23% a mais do que em 2021. O levantamento parcial referente a 2023 também revela um cenário crítico em que as agressões físicas, casos de destruição de equipamento e ameaças graves à vida e à integridade dos jornalistas se destacaram, com 109 alertas.

Os números refletem uma parcela da realidade. A subnotificação de casos é um dos maiores desafios enfrentados hoje no processo de monitoramento de violações à imprensa, especialmente em municípios quase ou totalmente desassistidos de cobertura jornalística. O descaso do Poder Público e a ausência de políticas públicas efetivas que garantam a proteção de jornalistas e comunicadores também são fatores que contribuíram para que o país chegasse ao cenário atual. O Programa Tim Lopes atua para que o silenciamento não seja regra nas capitais, periferias, áreas rurais, tradicionais ou no interior do país.

Há cinco casos de comunicadores assassinados em decorrência do exercício profissional que estão sendo acompanhados pela equipe do PTL. São eles: Jefferson Pureza (2018); Jairo de Souza (2018); Léo Veras (2020); Givanildo Oliveira (2022); e Dom Phillips (2022).