Projor, em parceria com a Unesp, está lançando o Manual da Credibilidade Jornalística. O guia traz boas práticas para veículos jornalísticos profissionais com a intenção de fornecer parâmetros para a prática do jornalismo de qualidade na internet brasileira.
A iniciativa faz parte do Projeto Credibilidade, capítulo brasileiro do Trust Project. O projeto foi criado por um consórcio de empresas de mídia para desenvolver indicadores e padrões de qualidade e credibilidade que distingam veículos de jornalismo.
O Manual da Credibilidade Jornalística integra o projeto Grande Pequena Imprensa, idealizado em 2013 por Alberto Dines, fundador do Projor e do Observatório da Imprensa, para capacitar veículos da imprensa regional e local.
Em 2016, lançamos o Manual GPI Eleições 2016, que articula conhecimentos básicos em duas áreas complementares: jornalismo de dados e políticas públicas municipais.
Pesquisa realizada entre 8.000 consumidores de notícias nos seguintes países: Brasil, Estados Unidos, Reino Unido e França indica que as chamadas “notícias falsas” afetam a confiança na mídia e que grandes veículos de imprensa se saem melhor em termos de credibilidade.
A descrença do público sobre informações jornalísticas, sejam notícias, análises ou opiniões, deriva da combinação das seguintes causas:
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A fragmentação da notícia no meio digital. Ao migrar das páginas impressas de jornais e revistas para as timelines das redes sociais, o conteúdo noticioso se mistura — e é frequentemente confundido — com o ruído digital
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As chamadas “notícias falsas”, um termo impreciso para tratar das informações deliberadamente fraudulentas, entre outros tipos de desinformação, que são publicadas sobretudo nas redes sociais e aplicativos de mensagens
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A polarização política da sociedade brasileira. Situada em campos ideológicos opostos e antagônicos, uma parte substancial do eleitorado tende a desacreditar de informações verdadeiras que prejudiquem seus aliados e/ou candidatos ou que beneficiem seus oponentes
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O viés de confirmação, a tendência natural que as pessoas têm de lembrar, interpretar ou pesquisar informações para confirmar crenças ou hipóteses iniciais. Uma das causas da polarização política, o conceito de viés de confirmação foi cunhado pela dupla de psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky na década de 1970
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Os chamados filtros bolhas nas redes sociais. Confinadas às suas bolhas, as pessoas tendem a só se relacionar com quem pensa como elas, ignorando o discurso contraditório e a realidade fora de seu ambiente. Este conceito foi cunhado pelo jornalista americano Eli Pariser por volta de 2010
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Quando se trata da produção de notícias, o viés da confirmação e os filtros bolhas também podem levar à apuração enviesada de informações — com sérios prejuízos para a integridade do conteúdo final
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Outras deficiências no fazer jornalístico, tais como a falta de princípios éticos, o não cumprimento desses princípios por veículos que afirmam adotá-los e a falta de transparência em comunicá-los