No dia 15 de agosto, Fredy Morales Salas foi esfaqueado quinze vezes e sua garganta foi cortada por homens que invadiram sua casa em Venustiano Carranza, na Serra Norte de Puebla, perto do estado de Veracruz.
Morales Salas é repórter do programa de rádio Enlace Serrano e inspetor da comunidade de Ajengibre em Venustiano Carranza, de acordo com La Jornada de Oriente. Sua casa também funciona como seu escritório e redação.
De acordo com Diario Cambio, Morales Salas reportou em seu programa sobre o roubo de combustível na região, mas parou por causa dos riscos.
No entanto, La Jornada disse que seus familiares negaram que ele abordasse temas relacionados ao roubo de combustíveis fósseis. Eles disseram que o ataque pode estar relacionado a reportagens sobre autoridades municipais da região.
Diario Cambio informou na manhã do dia 16 de agosto que Morales Salas estava em condição estável.
O Procurador do Estado abriu uma investigação sobre o caso e solicitou à Secretaria de Segurança Pública estatal que implemente medidas de proteção para Morales Salas e lhe garanta o acompanhamento de agentes de segurança, de acordo com a Secretaria-Geral de Governo em Puebla (SGG).
O Secretário Geral do Governo, Diódoro Carrasco Altamirano, confirmou que um protocolo de proteção foi ativado, de acordo com Diario Cambio. A publicação acrescentou que o SGG ativou o protocolo de coordenação entre o Estado e a Federação para a Proteção de Defensores de Direitos Humanos e Jornalistas.
A recém-criada Comissão para Proteção de Defensores de Direitos Humanos e Jornalistas em Puebla postou no Twitter que estava em contato com Morales.
Claudia Martínez, presidente do Coletivo Nacional de Alerta Antecipado para Jornalistas e Defensores dos Direitos Humanos, pediu ao mecanismo de proteção nacional para jornalistas que levem Morales Salas do local, de acordo com La Jornada. Ela criticou o tempo que a comissão estadual supostamente levou para reagir ao ataque, acrescentou a publicação.
“O famoso acordo que eles [as autoridades federais] já têm com o governo estadual para proteger os jornalistas é até agora inoperante”, disse Martínez. “Eu acho que é importante dizer em que termos o governo estadual operará para proteger os jornalistas, uma vez que não há número de telefone de emergência se outros jornalistas forem vitimados e, até agora, continuamos indo às entidades federais, o que é imperdoável”.
Entre oito e nove jornalistas morreram no México este ano em circunstâncias que poderiam estar relacionadas ao seu trabalho, e os jornalistas continuam a ser alvo de ameaças de morte e violência.
O jornal El Universal informou no dia 16 de agosto que um dos seus colunistas, Héctor de Mauleón, recebeu repetidamente ameaças de morte, sendo a mais recente um vídeo no Twitter que mostra alguém disparando seis vezes em um retrato do jornalista, acompanhado por estas palavras: “Sr. Héctor, a sentença está prestes a ser cumprida, a morte chegou”, de acordo com a publicação.
Após o assassinato do conhecido jornalista Javier Valdez, em maio, em Sinaloa, centenas de jornalistas no país começaram a se organizar como parte da iniciativa #AgendaDePeriodistas. O grupo está trabalhando para criar uma organização nacional para tratar dos interesses dos jornalistas, principalmente a proteção contra a violência.
O jornalista Fredy Morales Salas – Foto: Knight Center