A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou um relatório intitulado “A nova ordem mundial de mídia segundo a China”. O documento classifica a estratégia do governo chinês para controlar a informação além de suas fronteiras como uma ameaça à liberdade de imprensa no mundo.
No relatório, a organização detalha a estratégia empregada pelo aparelho de estado chinês para atingir seus objetivos. Entre as ações destacadas pela RSF estão: “modernização das ferramentas audiovisuais externas, publicidade massiva, infiltração na mídia estrangeira, além de chantagem, intimidação e prisão em escala quase industrial”.
“No espírito do regime de Pequim, os jornalistas não têm vocação para ser contrapoder mas, ao contrário, para servir à propaganda de Estado. Se as democracias não resistirem, Pequim fará questão de impor seu antimodelo e a propaganda ‘à chinesa’ invadirá pouco a pouco a mídia mundial fazendo concorrência ao jornalismo como nós conhecemos”, disse o secretário geral da RSF, Christophe Deloire.
A RSF justificou sua análise chamando a atenção para algumas táticas que estariam sendo empregadas nesse sentido. A organização destacou a expansão da China Global Television Network (CGTN), presente em 140 países, e da rádio RCI, que transmite em 65 idiomas. Os convites com todas as despesas pagas pelo governo para jornalistas de países emergentes irem ao país “formar seu espírito crítico” também foram apontados como recurso para obter uma cobertura favorável da mídia internacional.
A China ocupa a 176ª colocação entre os 180 países listados na classificação de liberdade de imprensa em 2018 da RSF.
O relatório está disponível em inglês, francês e chinês.