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Sai general, entra publicitário: troca de comando na EBC visa impulsionar parcerias com iniciativa privada

Redação Portal IMPRENSA

Empresa pública federal responsável por administrar a Rede Nacional de Comunicação Pública, da qual fazem parte a TV Brasil, a Agência Brasil e nove emissoras de rádio espalhadas pelo país,  a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) tem um novo diretor-presidente.
Trata-se do publicitário Glen Lopes Valente, que substitui o general Luiz Carlos Pereira Gomes, no comando da empresa desde agosto de 2019. A nomeação foi publicada nesta quarta (30) no Diário Oficial da União.
Crédito: Reprodução Facebook
No governo Bolsonaro por indicação de Fábio Faria, Glen Lopes Valente já foi executivo do SBT e do HSBC

Valente começou a atuar no governo Bolsonaro em abril de 2019, por indicação do ministro das Comunicações, Fábio Faria. Até então ele era secretário de publicidade e promoção da Secretaria da Comunicação Social da Presidência da República.

Já tendo comandado os departamentos comercial e de marketing do SBT, além de ter sido vice-presidente de marketing do HSBC, o publicitário assume o comando da EBC com a missão de viabilizar parcerias com a iniciativa privada.

Em maio a empresa foi incluída no Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República (PPI), num lance cujo objetivo é justamente possibilitar que a estatal seja objeto de estudos técnicos e avaliação de alternativas de parceria com a iniciativa privada.
A proposta, porém, é polêmica. Na visão da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), a inclusão da EBC em um programa de privatização desrespeita a Constituição, ataca o direito à informação da sociedade brasileira e representa uma redução da transparência do Poder Executivo.
“A mídia pública foi criada nas primeiras décadas do século XX para atender às demandas por informação e cultura dos cidadãos, que não conseguem ser garantidas por empresas em busca de lucro”, sustentou a entidade em maio, quando A EBC foi inclusa no programa de privatização.
Além de integrar um plano de parcerias com a iniciativa privada, a EBC tem sido palco de diferentes intervenções, em sua linha editorial e programas jornalísticos, por parte de membros do governo Bolsonaro.
No começo deste ano, por exemplo, o programa Fique Ligado, da TV Brasil, cobriu a exposição “O Pasquim 50 anos”, que estava em cartaz no Sesc São Paulo. Na matéria que foi ao ar, acabou sendo cortado um trecho que mencionava a prisão de jornalistas do semanário durante a ditadura militar.

Em outro episódio de interferência da cúpula do governo na produção da EBC, desta vez ocorrido em novembro de 2019, jornalistas da TV Brasil enviaram uma carta à direção da emissora reclamando de censura na cobertura do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

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