“Os mecanismos de proteção a jornalistas são um dever do Estado. O ataque a eles é um crime contra a democracia”, afirmou Edison Lanza, relator especial de liberdade de expressão da Comissão Inter-Americana para os Direitos Humanos (CIDH), durante o evento “Mídia e Democracia na América II: #nosoytuenemigo”. O encontro foi promovido pela Inter-American Dialogue, em Washington, nos Estados Unidos.

Durante sua apresentação, o executivo destacou a importância de os próprios jornalistas participarem da criação desses mecanismos e lembrou que as situações atuais no México e da Colômbia são emblemáticas sobre o tema. Relatórios de diversas instituição divulgados no fim do ano passado, apontaram o México como o país latino-americano mais perigoso para o exercício do jornalismo.
Sebastián Salamanca, representante da Artigo 19, destacou a falta de prosseguimento na aplicação dos mecanismos de proteção no México. Segundo ele, o Estado deve transmitir uma mensagem de apoio aos jornalistas e à liberdade de expressão e não de estigmatização.
Criação e aplicação de sistemas de proteção aos profissionais de imprensa foi apenas um dos temas abordados durante o congresso. Em outro painel, o assunto foi a desinformação e outras ameaças digitais à democracia.
“Só o bom jornalismo pode acabar com o mal. Devemos aprofundar o que e o por que”, disse Desiree Yepez, do Equador Chequea, destacando a importância de se determinar a origem das informações que circulam.
Paul Farhi, do Washington Post, ressaltou que o público continua confiando nas notícias por isso é fundamental manter essa confiança sendo confiáveis na produção de conteúdo. O jornalista também destacou a necessidade de sempre deixar clara a diferença entre notícia e opinião.
Representantes de diversas entidades internacionais, incluindo Fundamedios USA, Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), Fundação Pan-Americana de Desenvolvimento e Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). O jornalista nicaraguense Carlos Fernando Chamorro, diretor dos jornais Confidencial e Esta Semana, participou como convidado da SIP.
Chamorro denunciou a existência de uma “censura de fato” contra a liberdade de imprensa na Nicarágua. Desde janeiro, ele e sua família estão exilados na Costa Rica, fugindo de perseguição política. O jornalista falou sobre o assassinato do também jornalista Ángel Gahona, em abril do ano passado, sobe a repressão aos profissionais de imprensa em seu país, sobre o confisco e fechamento do canal 100% Notícias, da Radio Dario e do Confidencial, além das táticas de asfixia econômica contra os jornais La Prensa e El Nuevo Diario.
Segundo Chamorro, 50% da equipe de Confidencial ainda está no país e continua trabalhando em um local clandestino.
Assista ao vídeo do congresso: