O jornalista Rodrigo Lopes, enviado especial a Caracas do Grupo RBS do Brasil, foi detido na sexta-feira, 25 de janeiro, e ficou retido sem comunicação com o exterior em uma unidade militar em frente ao Palácio Miraflores durante duas horas.
Miami (28 de janeiro de 2019).- A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou a detenção temporária de um jornalista brasileiro na Venezuela por considerá-la uma prática abusiva utilizada pelo governo para intimidar e restringir a circulação de informações independentes e de interesse público internacional.
O jornalista Rodrigo Lopes, enviado especial a Caracas do Grupo RBS do Brasil, foi detido na sexta-feira, 25 de janeiro, e ficou retido sem comunicação com o exterior em uma unidade militar em frente ao Palácio Miraflores durante duas horas. Agentes do Centro Estratégico de Segurança e Proteção da Pátria (Cesppa) apreenderam seu passaporte e seu celular que lhe foram devolvidos depois. O jornalista, que regressou ao Brasil, foi fotografado e ameaçado de prisão.
Lopes foi detido quando fotografava apoiadores de Maduro em um local próximo ao Palácio de Miraflores. Um homem em trajes civis arrancou o celular do jornalista e encontrou imagens e vídeos que ele havia registrado horas antes, como parte de seu trabalho, de uma manifestação em apoio a Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, cargo reconhecido pelo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. O desconhecido acusou o jornalista brasileiro de ser militante da oposição.
A presidente da SIP, María Elvira Domínguez, condenou a detenção de Lopes que qualificou como “uma prática abusiva do governo para intimidar e restringir a circulação de informações independentes e de interesse público internacional”. Domínguez, diretora do jornal El País, de Cali, Colômbia, responsabilizou “o governo pela segurança dos jornalistas que tentam informar a opinião pública sobre a tumultuada situação pela qual passa a Venezuela”. Acrescentou que “ao impor restrições à busca e divulgação de informações por parte dos jornalistas, viola-se o direito dos cidadãos a estarem informados”.
O presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, Roberto Rock, disse que “os jornalistas nacionais e estrangeiros que informam sobre a crise na Venezuela estão sujeitos a sofrer detenções temporárias ou permanentes, entre outros riscos”. Rock, diretor do site noticioso La Silla Rota, da Cidade do México, no México, acrescentou que “diante dessas ameaças, os jornalistas devem ser precavidos e proteger sua segurança”.
No dia 13 de janeiro, as jornalistas venezuelanas Osmary Hernández, correspondente da rede CNN, e Beatriz Adrián, correspondente da Caracol Noticias da Colômbia, foram detidas temporariamente e, em novembro, três jornalistas brasileiros e um espanhol foram detidos durante várias horas.
Desde o ano passado, dois jornalistas estão presos na Venezuela: Jesús Ezaine, do site Dolar Today, preso em setembro, e Billy Six, documentarista independente alemão, preso desde novembro.
De acordo com um levantamento da Ipys Venezuela, entre 23 e 24 de janeiro houve registro de “censura de canais estrangeiros, cautela informativa na imprensa, silêncios televisivos, restrições impostas a opiniões emitidas no rádio, bloqueios na internet e baixa velocidade para navegação”. O boletim acrescenta que foram registrados 16 casos de restrições ao exercício do jornalismo.
A SIP é uma entidade sem fins lucrativos dedicada à defesa e à promoção da liberdade de imprensa e de expressão nas Américas. É composta por 1.3000 publicações do hemisfério ocidental e tem sede em Miami, Estados Unidos.