CT-Vacinas da UFMG – Foto: Marcílio Lana / UFMG
A vacina brasileira contra covid-19 – mostrada no mês passado aqui no Só Notícia Boa – foi aprovada na primeira fase e, agora em março, entra na segunda fase, ou seja, vai começar a ser testada em humanos.
Por enquanto ela não tem nome. Informalmente os cientistas a chamam de “vacina de raiz”, porque o processo está sendo construído do início ao fim aqui no Brasil.
A primeira etapa da pesquisa foi concluída pelo CT-Vacinas (Centro de Tecnologia em Vacinas) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
A coordenadora do CT-Vacinas, Ana Paula Fernandes, disse o grande diferencial da vacina da UFMG está nos insumos necessários: o chamado IFA, ingrediente farmacêutico ativo, será 100% produzido no Brasil.
A UFMG usa tecnologia semelhante à da vacina de Oxford/AstraZeneca, com vetores virais (vírus não patogênicos para os seres humanos) capazes de codificar proteínas do novo coronavírus sem causar a doença, mas estimulando a produção de anticorpos e de células de defesa.
Investimentos
A nova pesquisa será dividida em três fases e deve durar entre 12 e 14 meses – ou seja, ela só deverá ficar pronta no ano que vem.
Passada a fase de testes, a vacina vai para aprovação da Anvisa e terá início a produção em escala industrial. Tudo vai depender dos investimentos que os cientistas brasileiros tiverem.
Os testes clínicos em humanos têm custo de R$ 30 milhões nas duas primeiras fases, de preparação dos laboratórios da Funed (Fundação Ezequiel Dias) para a escala industrial e avaliação da resposta de um grupo de 40 pessoas ao imunizante.
Já na terceira serão testadas 20 mil pessoas, com custos acima de R$ 100 milhões.
Embora o investimento seja alto, “é menor do que aquele feito para a transferência das tecnologias de fora”, lembra a cientista.
“O sistema de vacinas brasileiro está atrofiado. Além do Butantan e da Fiocruz, temos somente a Funed com capacidade de produção de imunizantes, mas que também está engessado”, alerta Ana Paula Fernandes.
História
A vacina da UFMG começou a ser desenvolvida em fevereiro de 2020, quando a pandemia deu os primeiros sinais no Brasil.
Já foram gastos R$ 5 milhões, bancados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, com participação de 30 profissionais da universidade e apoio de pesquisadores da Fiocruz, da USP (Universidade de São Paulo) e da própria Funed.
A Anvisa está acompanhando o desenvolvimento da vacina por relatórios que são enviados periodicamente à Agência de Vigilância Sanitária.
Rinaldo de Oliveira SNB com informações do Metrópoles e UFMG.